DEBATES AGONISTAS: A Crise política no Brasil


Seguindo a proposta dos debates agonistas e encerrando as atividades de pesquisa 2016/1, esse debate procura tratar da atual crise política no Brasil sob diversas perspectivas. Trata-se de um tema urgente e de um debate crucial para cientistas sociais e demais pesquisadores, sobretudo diante do calor dos acontecimentos e do cenário de polarização política.
 
Nesta terça-feira 05 de julho de 2016, será promovida  a aula pública cujo tema é:


"Crise política no Brasil: Impeachment legítimo, golpe parlamentar-mediático-jurídico ou desentendimentos dentro do bloco no poder?" .

Esta será a 3ª edição do Debates Agonistas, que contará com a presença dos convidados  Profa.Clarissa Franzoi Dri (RI/UFSC), Prof. Tiago Borges(SPO/UFSC) e do Prof.Wagner Miquéias(MUS/UFSC).

A aula será coordenada pelo Prof. Raúl Burgos(SPO/UFSC).

Aula Pública: Crise política no Brasil
Data: 05 de julho de 2016
Horário: 18:30h
Local: Miniauditório do CFH – UFSC


Abaixo seguem os trabalhos para DOWNLOAD




 


Grupos de Trabalho Objetivo Trabalhos feitos

GT 1
Estrutura econômico- social brasileira
Estrutura Econômica, classes,,desigualdade social, etc.,Discussão sobre as políticas sociais de combate à,desigualdade. DOWNLOAD

GT 2
Sistema político brasileiro
Sistema de governo,
estrutura do poder político, partidos, coligações, etc.
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GT3
Sistema jurídico
(organização do
direito, sistema de tribunais, Ministério Público, etc.)
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GT 4
Organização das forças armadas e as forças repressivas
Polícia federal,
polícia militar; relações com o sistema jurídico)
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GT5
Combate à corrupção no Brasil: histórico
pós-democratização.
Corrupção no governo
Sarney e Collor; FHC (compra de votos reeleição, privatização, Operação
Satyagraha, etc) Lula (Mensalão, etc.). Dilma: Lavajato etc
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GT6
Caracterização das mobilizações de rua.
Movimentos,sociais organizados de esquerda; Novos grupos de ativismo social de direita;,papel das redes sociais, etc. DOWNLOAD
GT7
Papel da Mídia.
Grandes,meios de comunicação e “coronelismo mediático”; mídia pública e mídia,alternativa, redes sociais, etc.; Capitulo da constituição sem regulamentar. DOWNLOAD
GT8
Contestação do resultado das eleições presidenciais de 2014 e pedido de Impeachment.
Argumentações contra
e a favor.
DOWNLOAD

A democracia agonística de Chantal Mouffe

Por Eric Araujo Dias Coimbra  

      O modelo de democracia agonística defendido por Chantal Mouffe é caracterizado pelo pluralismo e pelo dissenso. Ao contrário de autores consensualistas, como John Rawls e Jürgen Habermas, Mouffe pensa ser imprescindível que existam conflitos e diversidades de posições num modelo democrático. Para a autora, o poder (e a política) é parte constituinte das identidades, identificadas a partir da existência do “outro”, isto é, as identidades são definidas em função do outro ou do “não eu” (ex: homens e mulheres, negros e brancos, etc.), por isso, os conflitos são insuperáveis pois as diversidades também o são. Enquanto os consensualistas procuram eliminar os antagonismos a partir de um consenso racional, Mouffe considera a política como sendo própria das relações sociais, já que na sociedade, sempre haverão diversidades e conflitos. Para ela, o poder não é legitimado apenas pela racionalidade pura, mas principalmente, por fatores econômicos e morais.
     Mouffe distingue “o político” – proveniente do antagonismo inerente às relações humanas – de “a política” – como sendo o conjunto de práticas, discursos e instituições que organizam a coexistência humana e o contexto da conflitividade derivada “do político”. Diante da impossibilidade de eliminar o antagonismo a partir do consenso racional, como propõe Hebermas, Mouffe defende a transformação do antagonismo em agonismo, momento em que as relações sociais adquirem outra roupagem: ao invés de inimigos, os opositores políticos seriam percebidos como adversários. Esta relação mais “harmoniosa” entre os participantes da democracia asseguraria a coexistência dos conflitos e das diversidades, característicos deste modelo de pluralismo, denominado democracia agonística.
     O modelo e democracia agonística de Chantal Mouffe esta alicerçado no princípio de “igualdade e liberdade para todos”, proposto pelas democracias liberais. Com base neste princípio, os adversários deverão ter suas posições consideradas legítimas, por mais diversas que elas sejam, desde que não contrariem estes fundamentos éticos e políticos de uma democracia liberal (fazendo-se intolerantes). Outra característica da democracia agonística de Mouffe consiste na ênfase às paixões, que para ela, não devem ser ignoradas, nem subvalorizadas em favor da razão, mas consideradas no processo democrático. Por fim, Mouffe considera, com base em Antônio Gramsci, que toda hegemonia é provisória, já que esta envolve a disputa ideológica de grupos sociais distintos que, estando permanentemente em conflito, possibilita através da luta contra-hegemônica a alternância de poder.

Referências:

Mouffe, Chantal. En Torno a Lo Político. Fondo de Cultura Económica. Primera edición. Buenos Aires, 2007.

Godoy, Hélio Rubens. O Modelo Agonístico de Democracia de Chantal Mouffe. Disponível em Públicos Múltiplos http://publicosmultiplos.blogspot.com.br/2007/12/o-modelo-agonstico-de-democracia-de.html, acesso em 18 de junho de 2014.